Declaração da APVGN acerca dos veículos de Ciclo Diesel
O recente episódio verificado com os veículos de Ciclo Diesel da Volkswagen, que levou a demissão do seu Presidente, vem confirmar as numerosas advertências da APVGN quanto a esta tecnologia de motores de combustão interna. Reiterando os pontos principais, a APVGN recorda que:
1) Os motores de Ciclo Diesel, apesar de terem melhor rendimento que os de Ciclo Otto, são intrinsecamente maus para o ambiente pois emitem necessariamente partículas sólidas (particulate matter 2,5 e 10) que poluem o ar que respiramos.
2) A afirmação anterior é verdadeira seja qual for o combustível utilizado num motor de Ciclo Diesel, o gasóleo ou o biodiesel.
3) O gasóleo é particularmente poluente pois cada molécula deste combustível tem 10 (dez) átomos de carbono.
4) O gasóleo, além disso, tem propriedades cancerígenas para seres humanos, como foi demonstrado pela International Agency for Research on Cancer (IARC). Esta agência reclassificou o gasóleo entre os factores de risco, passando-o do Grupo 2A (o agente é provavelmente cancerígeno para humanos) para o Grupo 1 (O agente é cancerígeno para humanos). Ver revista VGN, nº 5, pgs. 20 e 21, a qual pode ser descarregada no sítio web da APVGN, https://apvgn.pt/wp-content/uploads/vgn_05.pdf.
5) A Coreia do Sul, por razões ecológicas, proibiu a circulação de autocarros de Ciclo Diesel em todo o seu território. Por sua vez, a municipalidade de Madrid proibiu igualmente a renovação da frota local de autocarros urbanos com motores de Ciclo Diesel. Em França, todas as cidades importantes dispõem de frotas de autocarros a gás natural. Os veículos a gás natural avançam em todo o mundo (neste momento já há mais de 23 milhões em circulação).
6) O único combustível ecológico existente que está em condições de substituir o gasóleo numa escala generalizada e maciça é o Metano (CH4), cuja molécula tem apenas 1 (um) átomo de carbono.
7) Conviria que as autoridades portuguesas – central e locais – se preocupassem seriamente com a brutal dieselização do parque automóvel português. Substituir veículos de Ciclo Diesel com um mau combustível como o gasóleo por veículos de Ciclo Otto com um bom combustível como o gás natural é sempre uma política saudável tanto do ponto de vista ambiental como económico.
Lisboa, 23 de Setembro de 2015.
Jorge Jacob
Presidente da APVGN
3 Comentários
Tenciono saber mais sobre o uso de gás natural para automóveis, haver uma associação que defenda esta alternativa é bom. Menos bom é se associação tiver um comportamento marcado pela defesa de meias verdades, ou verdades distorcidas, de que o artigo é um exemplo. Prefiro ser informado a formatado.
Agradeco que informe o que e’ que considerou “distorcido” na declaracao em causa.
Obrigado, JF
Já estava ciente da utilização de autocarros citadinos a gás em Seoul e Incheon, mas nunca encontrei nenhuma informação a respeito de uma proibição total à circulação de autocarros a gasóleo em nível nacional na Coréia do Sul.
Com relação ao ciclo Diesel, ainda me parece uma boa opção recorrer ao uso do etanol, que pode ser integrado com o gás natural.