(Aprovado na Assembleia Geral de 10/Abril/2006)

No exercício de 2005 a Associação Portuguesa do Veículo a Gás Natural desenvolveu uma actividade intensa e conseguiu avanços no desenvolvimento dos VGNs em Portugal. Foram dados passos concretos em direcção ao principal objectivo estratégico da Associação: a instalação de postos de abastecimento de GNC com carácter público.

O Conselho de Administração considera que dentre os bons resultados obtidos em 2005 são de destacar:

A decisão da Valorsul - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos da Área Metropolitana de Lisboa, SA de avançar com a instalação de um posto de abastecimento de GNC em São João da Talha e de iniciar a conversão das frotas de camiões colectores de resíduos sólidos urbanos e de veículos ligeiros para o gás natural. Assim, no mês de Junho foi lançado o concurso para a instalação do posto e logo a seguir o concurso para a aquisição inicial de 32 VGNs (31 para RSU + 1 autocarro de passageiros). Essas viaturas ficarão adstritas às municipalidades de Lisboa, Loures e Vila Franca de Xira. Prevê-se que o novo posto de S. João da Talha venha a ser inaugurado já em 2006. Inicialmente será um posto de uso privado, mas poderá evoluir no futuro — sobretudo após a liberalização do gás natural no país, prevista para 2007 — para posto de uso público.

A decisão da Câmara Municipal de Torres Vedras de avançar com a instalação de um posto de abastecimento de GNC, o qual ficará localizado no Parque Industrial do Alto do Ameal (no centro do município e a cerca de 3 km da zona urbana). A APVGN colaborou neste projecto com a elaboração de um estudo técnico e económico para o dimensionamento do módulo de compressão. Este novo posto terá, desde o princípio, o carácter de posto público pois deverá abastecer diversas frotas de proprietários diferentes (da própria CMTV, autocarros da Barraqueiro, empresa de camionagem local, taxistas).

Quanto à Câmara Municipal de Lisboa, destacam-se duas importantes iniciativas: 1) O projecto de instalação de um posto de uso privado para o abastecimento de camiões RSU no futuro parqueamento de Cabo Ruivo, cujo estudo técnico e económico (já concluído) foi elaborado pela APVGN. 2) A boa vontade do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Prof. Carmona Rodrigues, para a cedência de um terreno destinado à instalação de um posto público de abastecimento de GNC. A APVGN tem estado em contacto com os técnicos camarários para a localização de um terreno adequado, tendo sido encontrado um que preenche as características ideais (Av. de Berlim esquina com Infante D. Henrique). É de destacar que o Prof. Carmona Rodrigues defende publicamente a solução dos VGNs, como se confirmou durante o debate sobre transportes realizado em 22/Setembro/2005 com todos os candidatos à CML.

A Câmara Municipal do Porto, por sua vez, tenciona efectuar a cedência de dois terrenos destinados especificamente a entidades dispostas a instalar postos públicos de abastecimento de GNC. A APVGN está em contacto com o técnico responsável da CMP que está a estudar várias localizações possíveis para os terrenos.

Por outro lado, nas eleições municipais de Dezembro de 2005, a Presidência da Câmara Municipal do Barreiro foi ganha por um candidato favorável aos VGNs, Carlos Humberto. A APVGN está em contacto com a nova equipe do executivo municipal, nomeadamente o seu vereador responsável pelo pelouro dos transportes, a fim de avançar com o projecto. A empresa de transportes urbanos de passageiros do Barreiro pertence à municipalidade, pelo que é natural que a solução dos VGNs não se restrinja à frota camarária e venha a ser estendida também a esta empresa.

Ao longo de 2005 registaram-se também numerosas manifestações de interesse pelos VGNs, tanto de municipalidades como de empresas (supermercados,carriers, centros de tratamento de RSU, postos de combustíveis, etc). A todas elas a APVGN correspondeu efectuando visitas e sessões de esclarecimento junto aos respectivos administradores e técnicos. Em 2005 a APVGN fez também publicar um anúncio à procura de parceiros estratégicos interessados na abertura de postos públicos de GNC. Este anúncio provocou o interesse de um importante grupo empresarial português e a APVGN está a colaborar com o mesmo na elaboração dos estudos prévios necessários a uma tomada de decisão por parte do seu Conselho de Administração.

Quanto a relações com o exterior, nos dias 1 e 2 de Fevereiro a APVGN participou de uma visita de estudo à fábrica de camiões a gás natural da IVECO, em Madrid, juntamente com técnicos de várias municipalidades e empresas portuguesas. E de 3 a 10 de Dezembro a APVGN esteve na Argentina, a convite da Secretaria de Estado das Pequenas e Médias Empresas daquele país, a fim de ter contactos com exportadores argentinos de equipamentos para veículos a gás natural. Em ambas as visitas a APVGN foi representada pelo seu administrador Jorge F. G. de Figueiredo.

Ainda no âmbito das relações com o exterior, a APVGN continuou a participar da Comissão Técnica 101 do Instituto Tecnológico do Gás, organismo de normalização do sector por delegação do Instituto Português da Qualidade. Em 19/Julho foi também assinado um protocolo com a Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio (AP2H2) que abre a possibilidade de colaborações mútuas no futuro.

Das actividades promocionais realizadas pela APVGN em 2005 contam-se artigos em revistas e jornais (Jornal de Negócios), entrevistas diversas, palestras em faculdades de engenharia (ISEL, 19/Outubro) e em workshops (Agência de Energia de Oeiras, 31/Maio, sobre novos tipos de transportes; Agência de Energia de Lisboa, 7-8/Setembro), sessões de esclarecimento (Torres Vedras, 09/Junho) e na Fundação para o Desenvolvimento Social do Porto (14/Abril), reuniões com entidades governamentais (Ministério da Economia e Inovação, 08/Junho; Secretaria de Estado do Ambiente, 15/Setembro) e empresariais (Antral). Dentre as actividades promocionais deve-se destacar que em 2005 a APVGN cedeu um segundo VGN ao seu associado Cooptécnica Gustave Eiffel, CRL, desta vez um Volkswagen Golf Variant 2.0, bi-fuel.

O sítio web da APVGN, https://apvgn.pt , foi actualizado regularmente ao longo do ano e em 31 de Dezembro de 2005 chegou ao número total de 22.969 visitantes únicos e um número de visitas de 29.565. As estatísticas do servidor onde está alojado o sítio registaram, em 2005, 328.602 hits; 74.855 vistas de página e uma largura de banda de 4,83 Gbytes (171,33 kbytes por visita). A maior parte da largura de banda foi consumida por visitantes portugueses (1,51 Gb, seguindo-se os dos EUA (1,46 Gb), da União Europeia (629,73 Gb), do Brasil (566,57 Gb) e os restantes de outras proveniências.

Durante 2005 cresceu a base associativa da APVGN, com a entrada de sócios importantes como a Iveco e a Câmara Municipal de Torres Vedras, além de sócios individuais. Deve-se registar, no entanto, que a Portgás, na sequência da mudança de um dos seus directores, decidiu retirar-se da Associação. O Conselho de Administração lamenta esta decisão e espera que possa vir a ser revista no futuro.

Finalmente, o Conselho de Administração da APVGN regista com agrado as palavras pronunciadas em 15/Outubro/2005 pela Sra. Secretária de Estado dos Transportes, Engª Ana Paula Vitorino, no discurso de encerramento da conferência da ANTROP. Citamos:

“No que respeita aos transportes colectivos rodoviários a solução imediata e com tecnologia plenamente desenvolvida e dominada, passará pela generalização da utilização dos veículos a gás natural.
“Esta tecnologia é perfeitamente aplicável às frotas existentes de autocarros de passageiros em meio urbano. Aliás, Portugal tem actualmente boas experiências nesta solução, de que são exemplo a STCP já a operar 225 autocarros a gás natural; os TUB com 16; a Carris com 40 e a MoveAveiro operando com 3 unidades.
“Outros países europeus já estão a intensificar e acelerar as medidas em favor dos veículos a gás natural, como é o caso de França, Itália e Alemanha” .

O Conselho de Administração da APVGN considera que esta afirmação da Sra. Secretária de Estado do Transportes traz a esperança de que o governo central venha a empenhar-se na promoção dos VGNs — nomeadamente com medidas conducentes à abertura de postos públicos de abastecimento de GNC nas principais cidades portuguesas, à semelhança do que já se faz em outros países europeus como a França, Itália, Alemanha, Suécia e até mesmo um país exportador de petróleo como a Noruega.

Para concluir, o Conselho de Administração da APVGN regista a realidade do pico petrolífero ( peak oil , ou Pico de Hubbert), que marca o começo do fim do petróleo no mundo e provocará altas inevitáveis de preços ao longo dos próximos anos. Para a tomada de consciência quanto à realidade do pico foi importante a realização em Portugal do IV International Workshop on Oil and Gas Depletion (na Gulbenkian, dias 19-20/Abril/2005). Trata-se de um factor importantíssimo e que tenderá, cada vez mais, a promover a substituição dos refinados de petróleo pelo gás natural. Sessenta por cento da energia primária consumida em Portugal provem do petróleo e 66 por cento do petróleo consumido no país é gasto no sector dos transportes. Seria sábio, portanto, que os governantes portugueses preparassem desde já uma transição ordenada e planeada para o gás natural no sector dos transportes rodoviários. Transições feitas às pressas, sob a pressão dos acontecimentos, não permitem optimizar resultados.

EVOLUÇÃO PREVISÍVEL DA ASSOCIAÇÃO

Em 2006 a Administração da APVGN tenciona:

  • continuar a participar de todas as iniciativas tendentes a criar postos públicos de abastecimento de gás natural comprimido. A instalação de postos de abastecimento com carácter público é uma preocupação absolutamente prioritária e a Associação deverá fazer todos os esforços para a sua concretização. Só a não existência de postos públicos para o abastecimento do GNC impede o desenvolvimento dos VGNs, pois no momento em que existirem o livre jogo das forças de mercado será suficiente para a difusão dos mesmos.
  • promover uma mailing list, destinada a todas as municipalidades do país, relativa à solução dos VGNs. A APVGN oferecerá um estudo técnico e económico sumário àquelas que se lhe associarem.
  • manter a colaboração até agora verificada com a DGTT;
  • manter a sua “visibilidade” (entrevistas à comunicação social, palestras, participação em eventos, etc);
  • avançar com o projecto de lançamento dos 200 táxis VGNs logo que haja postos de abastecimento de GNC em Lisboa e/ou no Porto.
  • promover cursos e sessões de esclarecimento, em colaboração com o IST, ISEL e outras entidades.
  • participar da 12ª Conferência da European Natural Gas Vehicle Association, a realizar-se em Bruxelas dias 26 e 27 de Abril de 2006.

RESULTADOS

Do ponto de vista financeiro, verifica-se, através do Balanço, uma situação equilibrada pois as responsabilidades encontram-se garantidas pelas disponibilidades. O activo é constituído por 30% de imobilizado, 12% de dívidas de terceiros e 56% de disponibilidades, ao passo que o passivo reflecte essencialmente os subsídios à exploração já recebidos mas ainda não afectados à actividade, praticamente não existindo dívidas a terceiros.

No plano económico a Associação apresenta custos no valor de € 84.848 que foram cobertos com quotizações dos associados, facturação de serviços prestados, juros obtidos de depósitos a prazo e pela afectação de subsídio à exploração. Assim, e depois de constituída uma dotação para amortizações no valor de € 26.084, o Resultado Líquido do Exercício apurado foi de € 1.482,92, o qual propomos à Assembleia Geral seja transferido para a conta de Resultados Transitados.

Lisboa, 09 de Março de 2006

Os Administradores

 

Henrique Marques dos Santos

Jorge Fidelino G. de Figueiredo

Isabel Fernandes Carvalho

Maria Teresa São Pedro

Tiago A. Lopes Farias