Com 538 veículos por cada 1000 habitantes (a segunda maior capitação da Europa), Portugal será pesadamente onerado com a alta dos preços do petróleo. Em 2003 o petróleo bruto e os seus refinados foram responsáveis por um quarto do défice português da balança de mercadorias.
O que fazer? Existe uma solução para os problemas de transporte que pode ter aplicação imediata, não está na dependência de investigações científicas aleatórias, é benéfica para o ambiente, não exige uma revolução tecnológica, serve tanto para viaturas ligeiras como para pesados, tem a aprovação da União Europeia e é generalizável a todo o país: trata-se dos veículos a gás natural (VGNs).
Existem hoje 3,71 milhões de VGNs a circularem em todo o mundo. A sua tecnologia está plenamente dominada e é segura. Hoje em dia todos os grandes fabricantes de veículos dispõem de versões a gás natural. Grandes marcas como a Fiat, Mercedes-Benz, Volksvagen, MAN, Iveco, Opel, Volvo, etc dispõem de uma ampla gama de viaturas, ligeiras ou pesadas, para pronta entrega.
Portugal tem todas as condições para avançar no caminho dos VGNs, pois dispõe de gás natural, tanto em fase gasosa (via gasoduto) como liquefeita (via terminal de Sines e unidades autónomas de gás) e já domina a tecnologia dos motores do ciclo Otto (os mesmos dos veículos a gasolina) utilizados pelos VGNs. Casos de êxito como os da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, com 175 autocarros a gás natural, devem ser generalizados ao resto do país.
Até ao ano 2020, recomenda a União Europeia, 10% da frota da Europa deverá estar a circular em gás natural. Para Portugal, actualmente com 5 milhões de veículos, isto significa que deveria ter cerca de 500 mil veículos a gás natural daqui a 16 anos. Assim, deveríamos estar a substituir cerca de 31 mil veículos/ano com combustíveis convencionais por outros a gás natural.
O que falta para a generalizar os VGNs em Portugal? Só uma coisa: postos públicos de abastecimento de gás natural comprimido (GNC). A liberdade de opção dos consumidores portugueses está a ser coarctada pela inexistência de postos de abastecimento de GNC. É necessária, imperiosa e urgente a abertura de postos públicos em todas as grandes cidades do país. Portugal tem de vencer a inércia e adoptar uma atitude activa a fim de minimizar o impacto da alta do petróleo. É preciso avançar com a abertura dos postos públicos. É preciso que o governo, as empresas distribuidoras de gás natural e os empresários se mobilizem para o efeito. A APVGN está disposta a colaborar com todos os interessados na abertura de postos públicos de abastecimento de gás natural para veículos.
Comunicado da APVGN emitido em 28/Out/2004.