Um relatório recém publicado sobre a oferta mundial de petróleo, apresentado pelo Energy Watch Group (EWG) afirma que a produção mundial atingiu o pico em 2006 e começará a declinar a uma taxa de vários por cento ao ano. Em 2020, e mais ainda em 2030, a oferta global de petróleo será dramaticamente mais baixa, criando um fosso de oferta o qual dificilmente poderá ser preenchido pelas crescimento das contribuições de outros fósseis, do nuclear ou de fontes de energia alternativa neste espaço de tempo.
“A descoberta mais alarmante é o agudo declínio da oferta de petróleo após o pico”, adverte Jorg Schindler do EWG. Este resultado, juntamente com o momento do pico, está obviamente em contraste total com as projecções da Agência Internacional de Energia (AIE). “Uma vez que o petróleo bruto é o mais importante vector energético a uma escala global e uma vez que todas as espécies de transporte repousam pesadamente sobre o petróleo, a futura disponibilidade mundial é de importância capital pois implica acções completamente diferentes da parte de políticos, empresários e indivíduos”, afirma Schindler.
Esta perspectiva cautelosa corresponde a declarações feitas pelo antigo secretário da Defesa e director da CIA, James Schlesinger, que numa recente cimeira petrolífera em Cork disse: “A batalha está acabada, os “piquistas” do petróleo venceram. A actual política energética americana e a estratégia petrolífera da administração no Iraque e no Irão estão iludidas”.
Entretanto, até recentemente a Agência Internacional de Energia negava que fosse provável acontecer uma mudança fundamental da oferta energética no futuro próximo ou a médio prazo. Hans-Josef Fell, membro eminente do Parlamento alemão, é claro: “A mensagem da AIE, nomeadamente de que o business as usual também será possível no futuro, envia um sinal confuso para os mercados e bloqueia investimentos em tecnologias já disponíveis de energia renovável.
As reservas de petróleo remanescentes no mundo são estimadas em 1.255 Gb (Giga barril) segundo a base de dados da indústria HIS (2006). Para o Energy Watch Group, contudo, há razões sólidas para modificar estes números para algumas regiões e países chave, levando a EWG a uma estimativa correspondente a 854 Gb. Esta perspectiva da oferta de petróleo não repousa primariamente nos dados de reservas, os quais no passado frequentemente revelaram-se inconfiáveis. Portanto a análise do EWG baseia-se primariamente em dados de produção que podem ser observados mais facilmente e que são mais confiáveis.
O Pico Petrolífero é agora. “O boom do petróleo está ultrapassado e não retornará. Todos nós devemos habituar-nos a um estilo de vida diferente”, disse o rei Abdullah da Arábia Saudita, o maior produtor global de petróleo. Durante bastante tempo decorreu um debate aquecido a respeito do Pico Petrolífero. Instituições próximas à indústria de energia, como o CERA, estão empenhadas numa campanha para tentar rebaixar o Pico Petrolífero como uma “teoria”. Contudo, o relatório do EWG mostra que o Pico Petrolífero é real. O mundo está no princípio de uma mudança estrutural do seu sistema económico. Está mudança será disparada por um declínio agudo da oferta de combustíveis fósseis e influenciará quase todos os aspectos da vida diária. A mudança climática também forçará a espécie humana a mudar os padrões de consumo de energia através da redução significativa da queima de combustíveis fósseis.
A prevista escassez da oferta poderia facilmente conduzir a cenas perturbadoras de tumultos de massas como testemunhado na Birmânia durante o mês de Outubro. Para governos, indústria e o público em geral avançar através dos erros já não é uma opção pois esta situação poderia escapar ao controle e resultar num colapso da sociedade.
“A minha experiência de debater a questão do Pico Petrolífero com a indústria, e tentar alertar Whitehall para isto, é que há uma cultura de negação institucionalizada no governo e na indústria da energia. Como a evidência de um pico da produção se desdobra, torna-se cada vez mais impossível entender isto”, diz Jeremy Leggett, director-executivo do Solarcentury e antigo membro do Renewables Advisory Board do governo britânico.
Fonte: http://www.ngvglobal.com/policy/peak-oil-could-trigger-meltdown-of-society.html